sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Scroll of Adepha - The Dark Days


DIAS SOMBRIOS

Os dias sombrios começaram com a última visita do Destruidor, logo após os estranhos acontecimentos nos céus. As pessoas estavam em silêncio e assustadas.

Embora os líderes dos escravos hebreus estivessem inquietos, ninguém se revoltou contra eles. Eles falavam sobre grandes eventos que estavam para acontecer, das quais o povo e nem os videntes do templo tinham conhecimento. Foram dias de estranha quietude, enquanto o povo esperava, não sabiam pelo que.

Os corações dos homens foram tomados pela sensação de uma desgraça eminente.

Não se ouviram mais risos, dor e desespero estavam por toda a parte. Até mesmo as vozes das crianças se calaram e elas não brincavam mais juntas, ficavam em silêncio.

Os escravos tornaram-se ousados e insolentes, e mulheres eram possuídas por qualquer homem. O medo tomou conta da terra e as mulheres tornaram-se estéreis, não podiam mais ter filhos e as grávidas abortavam. Era ´cada um por si’.

Esses dias de silêncio foram quebrados por um barulho estridente de trombetas nos céus, e as pessoas se tornaram como ovelhas assustadas sem um pastor; como jumentos quando há leões rodeando o rebanho.

As pessoas então falaram a respeito do Deus dos escravos hebreus, um homem imprudente disse: “Se soubéssemos onde encontrar esse Deus, poderíamos lhe oferecer sacrifícios”. Mas o Deus dos escravos hebreus não estava entre eles. Ele não poderia ser encontrado nas minas de barro ou nas olarias (dos escravos hebreus que fabricavam tijolos). Ele se manifestou nos céus, para que todos pudessem vê-lo, mas eles não conseguiram compreender. Nenhum deus os ouviria, pois eram mudos por causa de sua hipocrisia.

Os mortos deixaram de ser sagrados e foram jogados nas águas. Aqueles corpos que já estavam sepultados foram esquecidos e muitos ficaram expostos. Ficaram desprotegidos, à mercê de ladrões... (parte sem tradução)
O gado foi abandonado à própria sorte vagando por pastagens estranhas e os homens ignoraram suas marcas matando os animais dos vizinhos. Ninguém era dono de nada.

Registros públicos foram jogados fora e destruídos, e não se sabia mais quem era escravo e quem era mestre. O povo angustiado clamou ao faraó, mas ele se fez de surdo.

Havia aqueles que falavam mentiras ao faraó e tinham deuses estranhos, e as pessoas pediam pela sua morte. Mas não eram esses sacerdotes estranhos que colocaram brigas na terra ao invés de paz... (parte sem tradução)

Poeira e nuvens de fumaça escureceram o céu e coloriram as águas em que caíram com um tom vermelho como sangue. A peste estava por toda parte, o rio (Nilo) estava ensanguentado e havia sangue em toda a parte. A água estava contaminada e o estômago de quem a bebeu se contraia em dor. Aqueles que beberam água do rio (Nilo) vomitavam, pois estava poluído.

A poeira causou feridas na pele de homens e animais. Por causa do brilho do Destruidor a terra estava toda avermelhada. Vermes repugnantes surgiram e encheram o ar e a terra. Feras selvagens, assustadas com a agitação e as cinzas, saíram de suas tocas nas terras inabitadas e invadiram as casas dos homens. Todos os animais domésticos estavam desesperados e ouvia-se os gritos das ovelhas e os gemidos do gado.

Árvores, em todo o país (Egito), foram destruídas e nenhuma erva ou fruto pôde ser encontrado. A face da terra foi atingida e devastada por uma chuva de pedras que derrubou tudo o que estava em seu caminho. Eles caíam numa chuva ardente, e um estranho fogo fluía para a terra em seu rastro.

Os peixes do rio (Nilo) morreram nas águas poluídas; vermes, insetos e répteis surgiram da terra em grande número. Ventanias trouxeram enxames de gafanhotos que cobriram o céu. Enquanto o Destruidor avançava pelos céus, ele soprava grandes rajadas de cinzas sobre a superfície da terra. A melancolia de uma longa noite espalhou seu manto negro de escuridão e extinguiu cada raio de luz. Ninguém sabia quando era dia e quando era noite.

A escuridão não era como a escuridão limpa da noite, mas uma escuridão espessa que asfixiava as pessoas. Homens engasgavam com uma nuvem de vapor quente que envolvia toda a terra e apagava todas as luzes e fogos. Os homens eram contaminados e ficavam gemendo em suas camas. Ninguém conversava ou comia, porque estavam cheios de medo. Navios foram arrancados de suas amaras e destruídos por grandes turbilhões de água. Foi um tempo de ruínas.

A Terra virou, como a argila que gira numa roda de oleiro. Toda a Terra se alvoroçou com o trovão do Destruidor e o choro do povo. Como o som de gemidos e lamentações por todos os lados. A terra vomitou seus mortos, cadáveres foram lançados para fora de seus lugares de descanso e os embalsamados foram expostos à vista de todos os homens. As mulheres grávidas abortaram e os homens se tornaram estéreis.

O artesão deixou sua obra inacabada, o oleiro abandonou a sua roda e o carpinteiro suas ferramentas, e eles partiram para habitar os pântanos. Todos os trabalhos cessaram e os escravos (hebreus) levaram os artesãos para longe.

Os impostos do faraó não podiam ser recolhidos, pois não havia nem trigo nem cevada, gansos ou peixes. O que era de direito do faraó não podia ser exigido, pois as lavouras e as pastagens foram destruídas. Os nobres e os humildes oraram juntos pelo fim do tumulto e para que o constante trovoar cessasse em seus ouvidos. O terror foi o companheiro do homem durante o dia e o horror seu companheiro à noite. Os homens perderam seus sentidos e enlouqueceram, estavam entorpecidos pelo susto.

Na grande noite do Destruidor, quando seu terror estava no auge, houve uma chuva de pedras e a Terra dolorida abriu suas entranhas. Portões, colunas e paredes foram consumidas pelo fogo e as estátuas dos deuses foram derrubadas e quebradas. As pessoas fugiram de suas casas e foram mortas pelo granizo. Aqueles que se protegeram do granizo foram engolidos quando a Terra se abriu.

As habitações dos homens desabaram sobre os que estavam dentro e houve pânico por toda parte, mas os escravos hebreus que viviam em cabanas nas ‘terras vermelhas’, no local onde se extraia o barro para os tijolos, foram poupados. A terra queimava como estopa. Um homem observava tudo de cima do telhado e os céus arremessaram sua ira sobre ele e ele morreu.

A terra se contorcia sob a ira do Destruidor e gemeu com a agonia do Egito. Ele sacudiu-se e os templos e os palácios dos nobres desmoronaram. Os nobres pereceram no meio das ruínas. Até mesmo o primogênito do faraó morreu como os nobres no meio do terror e da queda das pedras. Os filhos de príncipes foram lançados nas ruas e aqueles que não foram expulsos morreram dentro de suas residências.

Houve nove dias de escuridão e revolta, e depois uma tempestade como nunca havia acontecido antes. Quando ela passou irmão enterrava irmão por toda a terra. Homens se revoltaram contra os governantes e fugiram das cidades para morar em tendas em outras terras.

O Egito não tinha mais homens poderosos para lidar com isso. As pessoas estavam esgotadas pelo medo e deram ouro, prata, lápis-lazúli, turquesa e cobre para os escravos hebreus, e a seus sacerdotes deram cálices, urnas e ornamentos. O faraó sozinho permaneceu calmo e firme no meio da confusão. O povo tornou-se mal em sua fraqueza e desespero. (sem tradução).  Prostitutas andavam pelas ruas sem vergonha. Mulheres exibiam suas “partes” e mostravam seus encantos femininos. Mulheres nobres vestiam trapos e eram ridicularizadas.

Os escravos hebreus poupados pelo Destruidor deixaram a terra amaldiçoada imediatamente. Uma multidão se moveu na escuridão no meio da manhã, sobre um manto de finas cinzas, deixando os campos queimados e as cidades destruídas para trás. Muitos egípcios foram com eles, liderados por um homem grandioso, um príncipe sacerdote do pátio interior.

Havia um fogo num lugar alto no céu que iluminava os inimigos do Egito (povo hebreu).  Ele saia do chão como uma fonte e fica pendurado como uma cortina no céu. Por sete dias os malditos viajaram em direção às águas. Eles cruzaram o deserto enquanto as montanhas derretiam ao seu redor; acima, os céus eram rasgados com relâmpagos. Eles tinham pressa em fugir do terror, mas seus pés ficaram pesados no deserto. Eles não conheciam o caminho pois nenhum ponto de referência estava visível para eles.

Eles passaram por Noshari e pararam em Shokoth, o lugar das pedreiras. Eles passaram as águas de Maha e chegaram ao vale de Pikaroth, ao norte de Meijer. Então eles chegaram nas águas que bloquearam seu caminho e seus corações dispararam. A noite foi de medo e pavor, pois havia algo fazendo barulho acima deles e ventos negros do submundo foram soltos, e fogo surgiu do chão. Os corações dos escravos estavam apertados, pois sabiam que a ira do faraó os seguia e que não havia nenhuma maneira de escapar. Eles insultaram aqueles que os conduziam, rituais estranhos foram realizados ao longo da costa naquela noite. Os escravos discutiam entre si e houve violência.

O Faraó reuniu o seu exército e perseguiu os escravos hebreus. Depois de sua partida houve tumultos e desordens, pois as cidades foram saqueadas. As leis foram arrancadas das salas de justiça e pisoteadas nas ruas. Os armazéns e celeiros foram abertos e saqueados. As estradas estavam alagadas e ninguém podia passar por elas. Havia pessoas mortas por todos os lados. O palácio foi invadido e o príncipe e seus oficiais fugiram, desse modo não restou ninguém com autoridade no comando. As listas de números (registros de nascimento) foram destruídas, locais públicos foram derrubados e assim as famílias tornaram-se confusas e desconhecidas.

O faraó caiu em tristeza, atrás dele tudo era desolação e morte. Diante dele estavam coisas que ele não conseguia entender e ele estava com medo, mas ele se encheu de coragem e seguiu na frente de seu exército. Ele tentou trazer de volta os escravos, pois as pessoas diziam que sua magia era maior que a magia do Egito.

O exército do faraó chegou até os escravos hebreus pelas margens da água salgada (mar), mas foi mantido afastado deles por um sopro de fogo. Uma grande nuvem se formou sobre os escravos hebreus e escureceu o céu. Ninguém enxergava nada, exceto o brilho do fogo e os incessantes relâmpagos na nuvem sobre suas cabeças.

Um vendaval surgiu do oriente e passou sobre os escravos hebreus acampados. O vendaval durou a noite toda e de madrugada houve um tremor e as águas recuaram a partir da costa e se contiveram. Houve um silêncio estranho e os homens, na escuridão, viram que as águas se separaram deixando um caminho no meio do mar. A terra havia emergido, mas não estava estável e tremia, o caminho não era em linha reta. A água em volta dele girava como se estivesse dentro de uma bacia o que não acontecia com a terra. Do chifre do Destruidor veio um barulho estridente que era ensurdecedor.

Os escravos hebreus fizeram sacrifícios em desespero e suas lamentações eram barulhentas. Agora, diante da estranha visão, houve hesitação e dúvida; por um pequeno período ficaram em silencio. Aí tudo virou em confusão e gritaria, alguns avançaram em direção às águas, outros insistiam em ficar na terra instável. Então, em exaltação, seu líder levou-os pelo meio das águas, por entre a confusão. No entanto muitos tentavam voltar no meio da multidão que os cercava, enquanto outros fugiam ao longo das margens vazias.

Tudo ficou silencioso sobre o mar e sobre a terra, mas atrás deles a terra tremeu e pedregulhos se partiram em grande estrondo. A Ira dos Céus se moveu a uma distância e pairou sobre as duas multidões.
Ainda assim, o exército do faraó organizou suas fileiras e seu determinado diante dos estranhos e terríveis acontecimentos, e não se intimidou com a fúria que acontecia a seu redor. Rostos severos foram iluminados na escuridão pela cortina de fogo.

Então a fúria acabou e houve silêncio enquanto o exército do faraó ficou parado no brilho vermelho. Então, com um grito, os capitães avançaram levando consigo as tropas. A cortina de fogo havia se recolhido numa nuvem escura que se espalhou como um dossel. Houve uma agitação nas águas, mas eles seguiram os malfeitores pelo caminho entre as águas agitadas.

A passagem estava confusa no meio das águas e o solo estava instável. Aqui, no meio das turbulentas águas, o faraó lutou contra os últimos escravos e os derrotou e houve uma grande matança no meio da areia, do barro e da água. Os escravos gritaram desesperados, mas seus gritos foram ignorados. Seus bens foram abandonados enquanto fugiam, de modo que o caminho era mais fácil para eles do que para aqueles que os perseguiam.
Em seguida o silencio foi quebrado por um poderoso rugido e a ira do Destruidor desceu sobre as tropas. O céu rugiu como com mil trovões, as entranhas da Terra se partiram e a Terra gritou em agonia. As falésias foram arrancadas e expulsas. A terra seca foi invadida pelas águas e grandes ondas quebravam sobre a costa, estourando nas rochas na praia.

Uma grande onda de rochas e água caiu sobre os carros dos egípcios que estavam antes das tropas a pé. A carruagem do faraó foi arremessada para o ar, como se por uma forte mão e foi esmagada no meio das águas revoltas.

Continua...

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